Um encanto que canta
Lindo de ver e de se ouvir... Nina Simone!
"Cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.(Clarice Lispector)
Um encanto que canta
Lindo de ver e de se ouvir... Nina Simone!
Círculo Eterno
Rumino s minhas mazelas,
Busco alforria da dor.
Sinto-me tola, atolada,
presa em armadilhas
que eu mesma criei.
Qual ave sob alçapão,
se debate aflito em mim
um coração, agitado no peito,
refém da própria emoção.
Na busca do porto seguro,
optei pelo corpo seguro.
Preciso aportar, sobreviver
à angustia de querer.
a busca insana, infundada.
Perdi minhas coordenadas
vagando em círculos eternos.
Delírio e verdade se fundiram
e me confundiram. Voei e me perdi.
Vivi náufrago de meu próprio sentir.
De amarras solta a vida conduz
meu destino, o de alguém comum,
amores possíveis, dores previsíveis.
Um sábado para sair, um domingo
para dormir e poucas desgraças,
depois da utopia, isto me basta.
aβsynto Vocέ by K4AKIS'Production
ADEUS
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Meu ódio tem nome,
tem contornos e face.
Rancor disforme
tomou forma de homem.
Vazio, da essência humana
só casca restara.
Minha ira tem rumo,
tem norte, destino,
só não tem rima.
Porque não se encontra,
nem verbo ou palavra,
por mais ferina
que rime com minha ira.
Ira que vibra no peito
onde a paixão outrora aportou.
Negro abrigo do rancor,
onde amargura sobeja, escorre,
corrói o parco resíduo do Amor.
Where true Love burns
Desire is Love's pure flame
It is the reflex of our earthly frame,
That takes its meaning from the nobler part,
And but translates the language of the heart.
O Céu da boca O véu, o veludo, o pêlo que cobre, recobre a pele enrosca, envolve, eriça ao beijo, ao toque, ao choque que a língua molhada provoca ao deslizar pela nuca, coberta de vastos pêlos que cobre , recobre a pele, sussurrando aos ouvidos, sugando o lóbulo úmido, até aportar no pescoço, jorrando intenso arrepio. Os dedos que invadem ligeiros os vãos que se formam entre botões que fingem fechar. Ocultando os mamilos alertas, despertos ao choque da língua que desliza solta no peito, que abriga os mamilos eretos, que língua louca roça e dentes afoitos mordiscam, suaves... E a boca gulosa suga afoita, eriçando o pêlo e pele, entesando membros e mente. O membro que pulsa desperto, buscando fugir das traves e fechos que tentam inútil reter o membro teso. A língua vasculha os montes e fendas. desce umbigo e segue explorando, entre pêlos e pele, o membro que vibra. Brinquedo de intenso prazer. Medindo da base à ponta, com a ponta da língua úmida, que molha, suga e enxuga,entesado o já eriçado membro alojado no vão que fica entre lábios e dentes. Corpo na terra, cabeça tocando o céu. O corpo estremece ao toque da língua enroscada na cabeça úmida, abrigada sob o Céu da boca, se esvaindo em gozo único.