"Partout je vais je trouve un poèt a été là avant moi."(S.Freud)

maio 13, 2009

Minhas palavras, outras vozes


Busco ávida por poemas não lidos,

neles, resposta minhas

em dizeres alheios.

A palavra mal absorvida,

A emoção mal resolvida.

Acordo Clarice,

durmo Cecília,

eu,revisited em Pessoa,

em sua, minha angústia.

Tento buscar em outras

bocas, outras vozes,

velhas palavras,

que se esconderam,

quando deviam se expor.

Emoção que se desnudaram...

quando precisavam se recolher.

Vozes que explodiram...

quando o melhor era calar.

Leio Neruda, sonetos

que exaltam amor.

De Quintana,busco a sabedoria

leve e livre, de Drummond

a doçura,que me alcança,

me amansa, como um bolero de Ravel,

e preenche o oco do carinho seu.

maio 11, 2009

Ponto de Ebulição



Ponto de ebulição!

A temperatura sobe,

o líquido ferve,

derrama, escoa, evapora...

Caiu, não se junta mais.

Água a se espalhar,

fora da tina, da bacia onde,

em fogo brando fervia.

Líquido, palavra perdida

por se passar do ponto

ou quem sabe, chegar

no ponto certo.

Ponto de ebulição.

As emoções eclodem,

no peito aprisionadas,

a água escorre da tina

afogada até o talo.

Tudo demais, acaba por explodir,

enxurrada de palavras que ecoam 

no ar, água que escoa no chão.

Pouco se guarda por tanto tempo.

Muito se reprime por algum tempo.

Tudo se regurgita no tempo certo.

Nem longe, sem sombra de lembrança,

nem perto demais, pura destemperança.

No tempo certeiro, desemboca aguaceiro

de pura emoção expelida sem receio

da água que evade da tina, 

mágoa de coração em desatino.

Palavras revestidas de fel,

águas amargas do adeus.

Após tanto líquido derramado, palavras despejadas 

pouco resta, resíduos,

sobras da emoção, de tudo... Somente manchas do sentir, 

do líquido derramado, espalhado pelo chão.

Ponto de Ebulição.