"Partout je vais je trouve un poèt a été là avant moi."(S.Freud)

dezembro 07, 2010

Dia Branco

Se você vier
Pro que der e vier
Comigo...

Eu lhe prometo o sol
Se hoje o sol sair
Ou a chuva...

Se a chuva cair
Se você vier
Até onde a gente chegar
Numa praça
Na beira do mar
Num pedaço de qualquer lugar...

Nesse dia branco
Se branco ele for
Esse tanto
Esse canto de amor

Oh! oh! oh...

Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Comigo

Se você vier
Pro que der e vier
Comigo...

Eu lhe prometo o sol
Se hoje o sol sair
Ou a chuva...
Se a chuva cair
Se você vier
Até onde a gente chegar
Numa praça
Na beira do mar
Num pedaço de qualquer lugar...

E nesse dia branco
Se branco ele for
Esse canto
Esse tão grande amor
Grande amor...

Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Comigo,
Comigo, comigo.

Composição: Geraldo Azevedo/ Renato Rocha

novembro 10, 2010

Uma vez foi pouco, quase nada. Então
quero mais do pouco que me deste.
Não sacio fácil. É difícil contentar o
corpo sedento com apenas uma dose
daquilo que é bom, muito bom, muito
que se torna nada ante o todo carente.
Não sacio fácil. Uma vez é pouco,
muito pouco ante de tudo que podemos
ter deixado passar. Passaste
tempo demais a pensar, agora age.
Não espero de ti nada que não tenhas
já colhido um dia em mim:
é assim contigo, é assim comigo, é assim
com a vida, em fluxo constante, movimento
que uma vez é pouco, quase nada.

(k4akis & Rogério Camargo)



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As cicatrizes da alma revelam
o que nenhuma fotografia ousa.

(k4akis & Rogério Camargo)


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Dueto... Poemas criados à "quatro mãos"



Era uma vez todas as vezes,
sendo todas elas únicas!
Era uma vez em que todas as vezes,
únicas e tantas, que se repetiam
até o infinito, pareciam não saber
que o limite era fato, apesar de abstrato.
Nessa vez que era, meu coração
desavisado, acostumado ao infinito
tentar estrelas, uma de cada vez.
Insaciável, desta vez , buscou a constelação
de uma estrela só, de só uma estrela.
e foi essa vez, única, melhor que todas.

(K4akis & Rogério Camargo)


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julho 07, 2010

A Cópula



Depois de lhe beijar meticulosamente
o cu, que é uma pimenta, a boceta, que é um doce,
o moço exibe à moça a bagagem que trouxe:
culhões e membro, um membro enorme e turgescente.

Ela toma-o na boca e morde-o. Incontinenti,
Não pode ele conter-se, e, de um jacto, esporrou-se.
Não desarmou porém. Antes, mais rijo, alteou-se
E fodeu-a. Ela geme, ela peida, ela sente

Que vai morrer: - "Eu morro! Ai, não queres que eu morra?!"
Grita para o rapaz que aceso como um diabo,
arde em cio e tesão na amorosa gangorra

E titilando-a nos mamilos e no rabo
(que depois irá ter sua ração de porra),
lhe enfia cona adentro o mangalho até o cabo.

Manuel Bandeira

julho 05, 2010

Fim



Da morte da noite nasce o dia,
no triturar o trigo,o pão,
Dentro do fim, início da vida.

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maio 19, 2010
















Traduzir-se



Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?


FERREIRA GULLAR
De Na Vertigem do Dia (1975-1980)

março 22, 2010

AFINIDADE


A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
O mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida.

É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo sobre o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro.

Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois
que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples
e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos
fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavra.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com.
Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.

Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar.
Ou quando é falar, jamais explicar, apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Só entra em relação rica e saudável com o outro,
quem aceita para poder questionar.
Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar,
não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é.
E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso.
Isso é afinidade.
Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceita
o outro como ele é. Por isso, aliás, questiona.
Questionamento de afins, eis a (in)fluência.
Questionamento de não afins, eis a guerra.

A afinidade não precisa do amor. Pode existir com ou sem ele.
Independente dele. A quilômetros de distância.
Na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar.
Há afinidade por pessoas a quem apenas vemos passar,
por vizinhos com quem nunca falamos e de quem nada sabemos.
Há afinidade com pessoas de outros continentes a quem nunca vemos,
veremos ou falaremos.

Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saem
para buscar sintomas com pessoas distantes,
com amigos a quem não vemos, com amores latentes,
com irmãos do não vivido?

A afinidade é singular, discreta e independente,
porque não precisa do tempo para existir.
Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceu
o vínculo da afinidade!
No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relação
exatamente do ponto em que parou.
Afinidade é a adivinhação de essências não conhecidas
nem pelas pessoas que as tem.

Por prescindir do tempo e ser a ele superior,
a afinidade vence a morte, porque cada um de nós traz afinidades
ancestrais com a experiência da espécie no inconsciente.
Ela se prolonga nas células dos que nascem de nós,
para encontrar sintonias futuras nas quais estaremos presentes.
Sensível é a afinidade.
É exigente, apenas de que as pessoas evoluam parecido.
Que a erosão, amadurecimento ou aperfeiçoamento sejam do mesmo grau,
porque o que define a afinidade é a sua existência também depois.

Aquele ou aquela de quem você foi tão amigo ou amado, e anos depois
encontra com saudade ou alegria, mas percebe que não vai conseguir
restituir o clima afetivo de antes,
é alguém com quem a afinidade foi temporária.
E afinidade real não é temporária. É supratemporal.
Nada mais doloroso que contemplar afinidade morta,
ou a ilusão de que as vivências daquela época eram afinidade.
A pessoa mudou, transformou-se por outros meios.
A vida passou por ela e fez tempestades, chuvas,
plantios de resultado diverso.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças,
é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas,
quantos das impossibilidades vividas.

Afinidade é retomar a relação do ponto em que parou,
sem lamentar o tempo da separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais,
a expressão do outro sob a forma ampliada e
refletida do eu individual aprimorado.

Arthur da Távola

março 08, 2010

Caminhante


No caminhar, sangue,
no p
é, a dor.
No sapato, a pedra.
.
k4akis


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março 04, 2010

Náufrago


Solto ao mar , navegantes,

solta aos olhos sonho.

Grita a realidade: naufragos.

k4akis



Revolta

No mar revolto
barco solitário e rede vazia.
Com o pescador solitário,
o vazio do barco e a revolta.
k4akis

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março 02, 2010

Palma da mão


Na palma da tua mão aberta

meu mundo escoa.

Não acho ruim, mas podia ser melhor:

podias retê-lo.

Mas antes ter-te desta forma

que o vácuo da solidão:

nele não poderíamos

sequer sentir a falta

do que a tua mão aberta

deixa fluir sem reservas,

reservando-se o direito

de se esvair em vida.

Na palma da tua mão fechada,

encarcerado jaz meu mundo.

(K4akis –Roger Camargo)

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Entre vida

Bom dia vida,

seja bem-vinda

vinda de onde for.

Traga o que trouxer

Entre,

minha casa,

outrora fechada

se abre

pra lhe receber.

N'ao repare

as cortinas rotas

o reboco solto

e no ar, esse mofo.

Apenas invada,

a porta ainda emperrada

te oferece fresta,

esprema-se

e adentre o recinto.

Prometo

arrumar a casa,

limpar os cantos,

reparar escombros.

Entre agora,

se voltar n`outra hora,

posso ter ido embora.


k4akis


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Soltos


Solto ao mar , navegantes,
solta aos olhos sonho.
Grita a realidade: náufragos.

k4akis

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fevereiro 18, 2010

Trago de Dor


Trago em mim

as dores de viver.

todas elas

mesmo não suportando,

as carrego.

Melhor carregar o fardo

a me deixar oprimir.

Seguir,

mesmo que arrastando,

em vielas,

habitar na penumbra.

do abandono, do descaso.

Vil existência dos covardes

que gemem.

Em mim,

todas as mazelas,

todas as feridas

todos os erros

passiveis de pena,

passiveis de punição

passíveis de apreensão.

Trago a alma ferida,

coberta de pustula

gangrenada

pelo amor que viví.

Pago a pena

por respirar

a cada amanhecer,

mesmo vazio de sol.


kryss.

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fevereiro 13, 2010

Vida



Vida..
.
Renascer,
Recomeçar.
Começar de novo
e outra vez e sempre.
Tropeçar,
tombar,

cair, se preciso for.
Machucar-se,

Parar jamais.

Chorar,
quando a alma clamar,
sorrir quando puder
ser feliz,
sempre que der.
Vida em movimento
Um dia de cada vez,
a cada dia basta
o bem que posso fazer
o mal a se suportar
o amor que posso dar.


k4akis

k4akis
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fevereiro 12, 2010

A dor


A dor.
O que é dor?
Não se vê, não se toca.
Apenas sente.
E quem sente, geme.
E quem geme, chora.
Chora e sangra
a alma
de quem vive...
A dor.
Que dói e corrói.
Atropela o riso,
dilacera o viço,
torna roto o rosto,
a alma
a vida
de quem sente...
A dor.
Do ardor do amor,
doador do amar,
do outrora amor,
agora só
A dor.



k4akis
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janeiro 24, 2010

Recado para o Amor...


Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo,

que solidão errante até tua companhia!

Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.

Em tal tal não amanhece ainda a primavera.

Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,

juntos desde a roupa às raízes,

juntos de outono, de água, de quadris,

até ser só tu, só eu juntos.

Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,

a desembocadura da água de Boroa,

pensar que separados por trens e nações

tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos

com todos confundidos, com homens e mulheres,

com a terra que implanta e educa cravos.

Pablo Neruda